Solidariedade que se renova<br>e reafirma
Num almoço no sábado, 4, em Viana do Castelo, o Secretário-geral do PCP reafirmou a solidariedade dos comunistas aos antigos trabalhadores dos Estaleiros Navais.
Na iniciativa promovida pela Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo do PCP, que reuniu mais de duas centenas de pessoas, esteve presente uma delegação de antigos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, despedidos como muitos outros no processo de privatização da empresa. Cerca de 100 perderão em meados deste ano o direito ao subsídio de desemprego.
Reconhecendo a gravidade e urgência da situação, Jerónimo de Sousa reiterou a solidariedade do Partido a estes trabalhadores e, através deles, a todos quantos perderam o seu emprego neste processo, que o PCP sempre combateu, batendo-se ao lado dos trabalhadores e das suas organizações representativas pela viabilização da empresa e manutenção do seu carácter público e, antes e depois da privatização, pela defesa dos direitos de todos quantos ali trabalhavam e trabalham.
Os que estão em risco de se verem privados daquela prestação social – muitos dos quais são «velhos de mais para arranjar trabalho e novos demais para a reforma» – ficarão com a vida «totalmente desarticulada e sem perspectivas de futuro», denunciou.
Assim, realçou Jerónimo de Sousa, é altura de o Estado «assumir as suas responsabilidades», tanto maiores quando foi ele o responsável pela situação criada a estes trabalhadores, tanto pela alienação de uma empresa viável que lhe pertencia como pelas condições em que ela se processou, sem as mínimas salvaguardas de postos de trabalho e direitos. O tempo que passou desde a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, realçou, torna cada vez mais claro algo que o PCP sempre afirmou: a sua destruição enquanto empresa pública resultou da opção política não só do governo anterior, do PSD-CDS, como de outros que o antecederam. Era possível, com outra política, manter os estaleiros na esfera pública e em condições de continuarem a ser uma referência para a economia regional e nacional.
Nas vésperas da privatização, recordou ainda o dirigente comunista, eram frequentes os atrasos nas encomendas e nas entregas dos navios e havia quem jurasse que não havia trabalho para a empresa. De repente, já privatizados, o «trabalho surgiu» para os estaleiros, ironizou. Aos antigos trabalhadores presentes, Jerónimo de Sousa lembrou, citando António Aleixo, que «a razão mesmo vencida não deixa de ser razão».
Jerónimo de Sousa saudou ainda os eleitos das duas freguesias do concelho de Viana do Castelo de maioria CDU (a da própria cidade e a de Vilar de Mouros), presentes no almoço regional do Partido, lembrando que a batalha das eleições autárquicas desde ano serão uma batalha «dura» e alertando para o facto de «nada estar ganho». O trabalho realizado, contudo, dá confiança para enfrentar estas eleições, assumiu.
Libertar o País da submissão
A situação mais geral do País ocupou o resto da intervenção do Secretário-geral, que valorizou o que foi já possível alcançar com a solução política saída das eleições de 2015, a nova correlação de forças na Assembleia da República e a intervenção do Partido. Esta solução, frisou, teria sido impossível se não fosse a luta travada pelos trabalhadores e o povo, «dia sim, dia sim», durante os quatro anos de governo PSD-CDS.
Mas o Governo é do PS, minoritário, e não «de esquerda» ou «das esquerdas», o que faz toda a diferença: na Posição Conjunta assumida entre PS e PCP aponta-se o caminho de reposição de direitos e rendimentos, mas é um «acordo limitado». As grandes diferenças programáticas entre os dois partidos e a consciente submissão do PS aos ditames da União Europeia e aos interesses do grande capital assim o determinam.
Tal como fizera na véspera, no Porto, Jerónimo de Sousa insurgiu-se contra a submissão externa do País aos chamados «mercados», ao euro e à União Europeia, garantindo que «Portugal tem de recuperar a sua soberania, incluindo a monetária, e deixar de estar dependente da chantagem sistemática dos especuladores, dos grandes interesses e de quem os representa». Para tal, tem que colocar com urgência a renegociação da dívida e libertar-se da submissão ao euro, ou seja, «romper o cerco que lhe impõem», o que exige que se «avance para outro patamar de resposta com uma política verdadeiramente alternativa», uma política patriótica e de esquerda.